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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Marraio, Feridô sou Rei!


Imagem de Gabriel Ferreira

Marraio era um menino sagaz, o melhor das rodadas de bolas de gude, aquele cujo peão batia forte e tirava os oponentes das pequenas arenas circunscritas no chão de terra batida, era aquele que corria lépido    sem ofegar, orgulhava-se de ser o Marraio, apelido herdado dos jogos de gudes coloridas. Pois, ao disputarem quem jogaria a gude para determinar a ordem dos jogadores na disputa, sempre antes dos demais ouvia-se seu brado valente: “Marraio, Feridô Sou Rei!” e assim tirava vantagem de ser o ultimo a se lançar  rumo   a linha do destino dos jogadores, o  que  na  grande  maioria  das  vezes,  lhe  dava  uma  grande   vantagem, chegando a desanimar os oponentes.  Seus amigos diletos eram três meninos e uma menina, Suzana, esta não perdia em nada em relação aos colegas, mas seu fraco era um amor profundo e não correspondido por Marraio;
O tempo passou, Marraio tornou-se um belo rapaz, forte, ágil e sua sagacidade acompanhava a arrogância comum a quem só está acostumado a ganhar, seus amigos mais centrados seguiram caminhos diferentes, pois aprenderam com ele, como a vida dependeria de superações. Quanto a Suzana?...Esta sumira no tempo.
Certa vez os amigos se reuniram em uma festa da cidade, todo mundo se reencontrou, menos Suzana, esta ninguém a vira ainda.
Em meio a tantas belas moças, o espírito de competição, sempre aguçado em  Marraio, lhe fez apontar para uma linda mulher, que tinha pernas torneadas, seios firmes,  suas coxas encerravam-se numa bela bunda, seus cabelos ruivos, emolduravam o belo rosto com lábios grossos e vermelhos, e certo de um sucesso iminente falou aos amigos: “Marraio, feridô sou Rei!” e os amigos seguiram como de costume um a um no intento de conquistar a bela moça. Para seu espanto, o primeiro amigo arrancou da moça, risos e um beijo ardente, mas não mais do que isso e satisfeito, retirou-se dando espaço a tentativa do segundo amigo; o segundo, este passou sufoco com a jovem, mas após uma longa conversa recebeu um belo beijo e se retirou; o terceiro, esse parecia um antigo amigo da moça, pois mal se apresentaram e se beijaram, mas logo em seguida afastou-se; Marraio agora estava certo do seu sucesso, pois levaria aquela linda mulher como o maior de todos os seus troféus, aproximou-se checando se a roupa estava em ordem, arrumou os cabelos e antes que saudasse a moça, uma segunda mulher tão linda quanto o seu alvo, aproximou-se da moça, beijou-lhe e abraçadas se retiraram, mas ao passar ao seu lado, esta moça sussurrou-lhe no ouvido: “Marraio Ferido, sou rainha!”

Alex Huche

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