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Lembro de todas as vezes em que
você me disse no ouvido palavras doces como o mel ou picantes como as pimentas; sua
barba a roçar no meu pescoço, seus beijos, mordidas, sua língua me percorrendo
a nuca e sua voz grave nos meus ouvidos a dizer-me o quanto eu o excitava, que somente eu o deixava enlouquecido, isso fazia com que eu me sentisse a mais poderosa
das mulheres...
Lembro das vezes
em que eu sentada no seu colo, sentia-lhe intumescendo, suas mãos ousadas a me
apalpar e você a me dizer o quanto eu
era especial, o quanto eu o fazia sentir-se bem, que eu era a razão do seu viver...
Lembro das noites em claro ao telefone, onde ambos pareciam disputar
uma prova de resistência de um reality show imbecil, para ver quem cederia
primeiro e desligaria o telefone, e você a me dizer que não conseguia pensar em
outra coisa na sua vida, que não fosse eu...
Lembro de como eu me senti feliz, naquela tarde em frente ao mar, o
sol se pondo no Arpoador e eu a ouvir você me dizer que sem mim era impossível viver...
As lembranças do que fomos me ronda as noites a perturbar meu juízo e
hoje percebo que não é da sua barba a roçar meu pescoço, não é dos seus beijos,
mordidas, sua língua, suas mãos ou eu sentada no seu colo... Não é de nada disso que
sinto mais falta.
Do que eu sinto mais falta?
Pergunta!...
Vou dizer assim mesmo. Eu não sabia o que me prendia a você, mas hoje
eu sei... Eram as suas mentiras, as mentiras de amor, aquelas que me faziam
especial, necessária e a mais linda das mulheres, é disso que eu sinto mais falta.
Eu sei que você não me dirás mais nada disso, até porquê...
Depois que eu jogar a última pá de terra sobre seu corpo, ninguém vai
saber que estás aí amarrado e mudo.
Alex Huche
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