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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Lembranças do Velho Hermídio - Parte I


Imagem do blog: curitibanoroqueiro.blogspot.com


Pelo o que me lembro, era muito difícil a vida de um menino nos idos de 80.
Nossa, isso foi há tanto tempo atrás, quase 60 anos.
Ah o tempo, esse me deu e tomou tudo na minha vida...
Mas como eu dizia, ser menino nessa época era algo extremamente difícil, pelo menos para mim, jovem desprovido de atrativos de beleza e vivendo no subúrbio do Rio de Janeiro, onde reinava a hipocrisia, onde carolas frequentavam de centros de “macumba”; Virgens que preferiam manter sua castidade praticando sexo anal; E os laços familiares, esses já se mostravam frágeis naquela época.
Sei que vão dizer: “E a vida das meninas não era difícil, não?”
Ser menina era mais fácil naquele tempo do que é hoje. As meninas eram muito mais passivas, esperavam a “ideia” dos rapazes, durante as músicas lentas, apesar de terem que aturar os meninos suados, pois o momento tão esperado por todos, a hora do “mela cueca” só vinha depois de muito rock’n roll, sem falar no cheiro de Rexona, no meu caso era a Colônia de Alfazema mesmo, era da minha avó... ê vida difícil. Nunca entendi o porquê que nas festinhas não tinham só o “mela cueca”.
Lembro-me que ao seguir para as “festinhas americanas” eu seguia como um grande guerreiro segue para uma batalha, confiante e traçando mentalmente todo o gestual e argumentos a convencer a presa a se entregar sem muita exitação... Mentalmente tive conversas fantásticas com as meninas onde havia toda uma trama imbricada de perguntas e respostas era floreada ao som de Barry White, Bee Gees, Lionel Richie e tantos outros cúmplices passivos das minhas aventuras de conquistas. O plano estava traçado e não tinha como dar errado, a não ser pela mão suada, a voz trêmula, um “Alien” a revirar meu estômago e a porra da menina que nunca respondia ou dizia o que estava previsto em meu roteiro mental... Como era possível que elas estragassem todo o tempo desperdiçado naquele jogo de damas, cujo objetivo era óbvio, conquistar seus corações, ou o maior número de nãos possíveis em uma noite, o que viesse primeiro. Como era difícil ser menino na década de 80, entre os meus amigos, eu era escarnecido por nunca ter conquistado uma garota durante as músicas lentas. Minhas experiências sexuais, naquela época insana, vieram dissociadas do amor, da paixão... Aiai... Minhas experiências sexuais vieram antes de eu experimentar os doces lábios de uma mulher, pelo menos nos meus... Aprendi desde cedo, sexo e amor são duas coisas diferentes. Ainda bem que o tempo passa, tudo passa... Que pena que o tempo passa, mas tudo passa.

Alex Huche

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