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sábado, 25 de janeiro de 2014

A Aula Inaugural

Era o primeiro dia na Faculdade, todos os novatos no auditório para a aula inaugural com o Reitor, muitos alunos estavam apreensivos, orgulhosos, curiosos e adentra na sala um jovem cego, muito exaltado querendo um lugar para sentar, não era comum alunos com deficiência visual na Faculdade naquela época, dois rapazes se levantaram e foram até o rapaz cego e o conduziram até o local próximo de onde estavam sentados, o que gerou enorme confusão, pois o lugar era no fundo do auditório e o rapaz reclamava de tudo, de quem ele acabava esbarrando ao passar, com palavras tipo: " sou cego sim, mas você que não vê.", "Eu não quero tomar trote não, cego não pode tomar trote!" E assim ele foi passando até se sentar.
Os dois amigos começaram a descrever a sala  para ele, pois ele insistia nos detalhes de como eram as pessoas ali, pois ele queria saber de tudo, mas o filho da puta do cego repetia tudo alto: "tem uma gorda aqui na frente?", " entrou uma bicha na sala?", "Quem tem cara de corno, o Reitor?"
Foi um desconforto geral, o Reitor deu as boas vindas a todos e em seguida os professores representantes dos cursos falaram que conduziriam os alunos as instalações da instituição, como os laboratórios, salas e demais dependências aí o cego enlouqueceu, pois não tinha quem lhe tirasse da cabeça que aquilo não era trote e começou a gritar: "eu não vou sair daqui, isso é trote, vocês querem me dar trote, eu não vou sair."
Os dois rapaes ao lado cego, estavam com um misto vergonha e graça, se seguravam para não rir, pois tinham a impressão de que ele iria endoidar mais ainda.
A situação piorou quando a professora representante do curso de Biologia começou a falar dos laboratórios, nesse momento ele ficava em pé alertando a todos que aquilo era trote: "Gente eu sou cego e vocês não veem? Vamos sair todos isso é trote, tá na cara!"
Os dois rapazes levantavam toda hora para fazer o cego sentar.
Foi quando a professora representante do Curso de Biologia se irritou e se dirigiu ao rapaz: "escuta aqui, essa aula é muito importante e isso está uma palhaçada, Carlos Silveira, Alex Huche e Mauro Garritano saiam daqui agora que a aula do terceiro ano já começou. Fica aí se passando de cego e os outros dois dando apoio."
 Não nos restou outra coisa senão sairmos dali antes que apanhassemos.

Alex Huche

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Vende-se Amor


- Quanto está o amor?
- Bom, depende da qualidade, do tipo, do tempo de duração, porque, não sei se o senhor sabe, mas amor tem sempre data validade e essa é determinada por diversos fatores. No que você está pensando?
- Um amor possível, um amor básico... sabe, com bastante carinho, companheirismo... um amor sem dor, Um amor quase incondicional.
- Hum, sei... mais algum adicional?
- Ah, sei lá... Eu acrescentaria um bom sexo, afinidade de sonhos e, claro, fidelidade.
- Hum, aí deu ruim... os opcionais Bom Sexo, Afinidade de Sonhos e Fidelidade nem sempre são compatíveis com o produto e nem sempre compatíveis entre si, ainda mais no modelo desejado.
- Qual modelo?
- O modelo Possível, isso você só encontra no modelo Impossível, mas ambos o preço está muito alto, tá puxado pra todo mundo, nem rico está podendo pagar. Você pode escolher um ou dois desse itens, mas ainda assim vai ficar salgado.
- Mas tem gente que acha.
- Assim como tem gente que encontra ouro, diamantes, tem gente que encontra o amor, mas sempre com muito trabalho para mantê-lo vivo.
- Sei, você me aconselha algum tipo de amor?
- Sim, eu aconselharia descartar os itens bom sexo, afinidade de sonhos e fidelidade, aí sim, no modelo Possível, na maioria das vezes, esse vem até de graça.
- E qual tipo seria?
- O amor de mãe.
- Hum, me vê dois.
- Você é homem, só pode ter um.
- Eh, Fodeu!

Alex Huche

domingo, 12 de janeiro de 2014

Balada


Xiii, já estou atrasado, vou tomar banho correndo e me arrumar.
Depois de seis meses insistindo,f inalmente Soraia resolveu aceitar meu convite.
Às vezes nem acredito, a mulher é maior gata, mó gostosa...
Ah, não acredito, faltou luz logo agora na hora de eu sair do banho.
Hum, deixa eu ver, vou acender a luz do celular para iluminar, deixa eu ver... essa calça, essa camisa, só pode ser brincadeira, acabou a bateria, vou ter que carregar no carro... vou colocar essa Cueca.
Acho que engordei um pouco, essa cueca está apertada,  mas tudo bem, vai dar uma imprensada, vai dar uma valorizada...
Bom, já estou pronto, mas isso está incomodando pouco, mas vamos que vamos.
A pista está lotada, não vejo Soraia... putz essa cueca está incomodando, vou disfarçar aqui me remexendo, pra ver se alivia.
Opa, lá está a Soraia, vou lá.
- Oi, e aí?
- Claudio, tudo bem? Eu estava vendo como você gosta de dançar.
- Gosto mesmo, quer dançar?
- Vamos.
- Hum, você está muito cheirosa
- Você também
Bom, conversa vai, conversa vem, o clima esquentou, tanto beijo, tanta mão, tantos dentes e unhas... Foi quando ela sussurrou no meu ouvido: 
- Vamos sair daqui?
- Quer ir pra onde?
- você me deu uma vontade louca de realizar minha fantasia de transar no banheiro de uma balada.
Putz, não preciso nem dizer, a arrastei correndo e entramos no banheiro e o bicho pegou novamente.
Estava indo tudo tão bem, quando com um olhar safado e um sorriso nos lábios, ela foi descendo, abriu zíper, abaixou minha calça e para a minha frustração, ela resmungou e saiu correndo do banheiro, tentei ir atrás, mas ela sumiu.
Mandei-lhe um sms e logo em seguida ela me respondeu:
- Soraia,  o que aconteceu? Fiz algo errado?
- Claudio, você vai me desculpar, mas com a cueca do Ben 10, não vai rolar.
Corri para o banheiro e não acreditei quando olhei, puta que pariu, eu estava com a cueca do meu filho de 10 anos.

Alex Huche

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Avatares

             Porra, ela reclamava, dizia que nossa cama estava insossa, dizia que deveríamos apimentar a nossa relação. 
             Bem que eu tentei! Assistimos um filme, tomamos um bom vinho, comemos um belo queijo, o clima estava romântico. Quando resolvi improvisar. Aproveitei que as crianças estavam na casa da minha sogra, disfarcei e me ausentei por quinze minutos, não levei mais do que isso. Preparei-me todo, sala na penumbra. E fiz minha entrada triunfal. Pelo menos, assim, eu esperava. Queria mesmo surpreendê-la, e a surpreendi, foi quando ao me ver ela me perguntou: 
- Filho da Puta, que merda é essa? Virou um Smurf? Por que você está todo azul? 
        Tentei explicar, ainda com uma pose sensual, encostado na escrivaninha: 
- Amor, lembra que você achou sexy, o avatar? Então, me pintei inteiro com tinta guache... 
- Caralho, você está cagando a casa inteira. 
        Foi quando ela correu para pegar algo para limpar a sujeira e eu não resisti, cruzei a sala correndo, subi no sofá e saltei sobre ela, interceptando-a, sem que ela esperasse. Ainda, no ar, gritei: 
- Não foge, não, Dragão. 
       Agarrei-lhe os cabelos, a dominando enquanto ela tentava se desvencilhar a todo custo. 
      Ah, foi o sexo mais selvagem que fizemos. 
      Extasiado, adormeci e é agora no meio da noite, que percebo que ela não gostou, nem um pouco, do que houve, pois sinto uma faca cravando em meu peito e a vejo toda de azul a fitar-me nos olhos e suas últimas palavras a mim foram: 
- Eu vejo você e Dragão é a puta que te pariu! 

 Alex Huche