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segunda-feira, 3 de junho de 2013

A Seta É O Alvo Na Seta

Imagem do Blog: comnbrasil.blogspot.com

Fórmula Para Se Viver um Grande Amor

Para se viver um grande amor é preciso coragem...
É preciso, acima de tudo, coragem para se perceber perdido de si mesmo e entregue há uma força imensa que lhe toma o juízo, que lhe faz forte ao lado da pessoa amada, que lhe faz fraco quando se vê só.
É preciso coragem para enfrentar o mundo, para renegar os conselhos de quem lhe quer tanto bem, mas que por diversos motivos já descrentes do amor, acham que sua existência é ilusão.
Ah é preciso muita coragem, pois as desilusões da vida deixam marcas profundas na alma, no corpo...  Marcas que nos fazem temer o medo de ter medo de amar.

Para se viver um grande amor é preciso ter medo...
É preciso ter medo para se permitir abrigar-se no colo de outra pessoa.
É preciso ter medo de tudo, de não saber como viver sem a pessoa amada, de não saber como viver com a pessoa amada... É preciso medo para mostrarmo-nos fortes, para valorizarmos a coragem de vivê-lo.

Para se viver um grande amor é preciso autruísmo...
É preciso autruísmo para se preocupar com o bem estar do próximo, para aninhá-lo no seu peito até que todo receio e preocupações da vida se dissipem e o outro possa enfim sentir-se sereno e feliz.

Para se viver um grande amor é preciso egoísmo...
É preciso estar egoísta para querer aquela pessoa tão especial só para si.
É preciso egoísmo, um egoísmo tão intenso que nada mais importará a não ser o seu próprio bem estar.

Para se viver um grande amor é preciso uma paixão imensa...
É preciso paixão pela vida, paixão pelo prazer de ser dois... Paixão por aquele que instintivamente seu coração escolheu e o escolheu como companheiro.
Uma enorme paixão é necessária para converter-se num grande amor, pois quando abranda o fogo da paixão, quando serena a alma que sossegadamente pára de buscar novas paixões, novos amores, surgem laços tão fortes que não receberá outro nome que não seja Amor.


Alex Huche

terça-feira, 23 de abril de 2013

Série Pã, O Sátiro - I

Equinócio 

A primavera chegou radiante, 


Perséfone deixara para trás, 


Hades e o seu Reino dos Mortos. 


As flores enfeitavam o caminho 

por onde a deusa passava 


e como sempre, Pã, o deus da alegria, 


Perseguia uma bela ninfa 


que fugia como Siringe. 


Pã se escondera e a vira se transformar 


em uma bela borboleta, 


que voou em sua direção, 


tocou-lhe o rosto, carinhosamente, com suas asas, 


encantado com tamanha beleza, 


ele lhe estendeu a mão, 

mas por capricho ou por receio, 


a borboleta, não pousou na palma da mão do sátiro 


e voou, voou para longe de Pã, 


onde ele não pudesse tocar seu coração, 


sendo assim, 


Pã abriu um sorriso sem graça, 


limpou os seus cascos e partiu. 


Como no equinócio não há prevalência 


entre Apolo ou Diana, 


também não há amor ou desamor 

no coração de Pã. 


O mundo se encanta mais uma vez 


ao ver Perséfone passar acompanhada 


de ninfas, náiades e Pã, 


que "alegremente" dança e ri.

 
Alex Huche

Série Pã, O Sátiro - II

A Chuva e Pã




Ante ao Alfeu, rio de águas puras e cristalinas,


que descem suavemente através da mata


batendo nas folhas, no mato,


rolando as pedras...


Quem poderia imaginar?


Um homem-bode sentado


toca sua flauta mansamente


e a lua brilha ao fundo,


os pássaros quietos o espiam...


Um vento sopra vagarosamente.


As folhas sobem,


os pássaros se agitam


e o Sátiro quieto, espera o encontro.


A lua se esconde trazendo a escuridão,


um vento revolto sopra


em seus cabelos desgrenhados,


trazendo-lhe um cheiro de amor


e de terra molhada anunciando que ela,


a tempestade, estava chegando.


A chuva cobriu o corpo de Pã,


ficaram assim por um bom tempo,


Pã tocando sua flauta


com a chuva banhando seu corpo


e o vento a bailar com as folhas da floresta.


O rio cresceu com as águas da chuva,


desce apressado e às vezes fica manso,


quieto, sereno em busca de Aretusa.


A lua reclamou seu reino noturno


pedindo para voltar.


O vento espantou as nuvens e a chuva se foi.


Pã, de cabeça baixa estendeu o braço


numa tentativa inútil de deter sua partida,


sentindo apenas uma última gota


a beijar-lhe a palma da sua mão,


nesse momento,


o Sátiro sorriu e correu feliz voltando para a mata,


no céu a lua voltou areinar


e o Alfeu continuou a correr em busca do seu amor.




Alex Huche

Série Pã, O Sátiro - III

E na Arcádia...

Pã, mais uma vez,
em confusão amorosa.
Sátiro tolo,
Atormentado por Eros,
não sabe o que é amar.
Corre Pã,
corre atrás da tua amada
ou corre para os teus sonhos,
só não fique parado.
Vai bode velho!
Vai se foder!


Alex Huche

Série Pã, O Sátiro - IV

Tio Pã

Aquele que brinca de se esconder,
escondendo-se em si mesmo.
É o que se ferra com as malditas(amadas) 
flechas de eros.
Aquele que observa o momento certo de agir,
enquanto age.
Aquele que como homem, caminha.
Não raramente, tropeça nas pernas de bode
e cai, tal qual a um menino que pede colo. 
Que ao som de sua flauta percorre florestas
muitas vezes solitário.
Vai, continue a tocar! 
Sua flauta não toca notas, 
mas palavras que encantam.

Pamela Koré

Série Pã, O Sátiro - V

Recomeço de Pã

Por milênios, Pã tocou em Siringe,
contra a sua vontade, belíssimas canções
que encantaram tantas mulheres por todo esse tempo.
Agora o Deus Sátiro se revoltou,
pois o que ele mais queria
era ser feliz e amado,
Por trás de toda alegria de Pã
havia um olhar triste e terno.
O mundo percebeu que parte do encanto
Da vida se perdeu, pois, Pã
Simboliza o universo,
a natureza humana e divina, Tudo.
Agora com o coração frustrado,
resolve deixar Siringe para trás,
mas com isso perde parte de si,
já que sua música nunca mais soará nas matas.
Febo num ato vingativo e de desdém,
por Pã o ter vencido numa disputa musical,
tripudia sobre o ânimo do Deus, iluminando-o,
para que todos possam ver sua tristeza.
Ah, pobre Pã!
Sentado, sobre uma grande rocha,
faz pouco caso de Apolo,
que guiando o carro solar segue a humilhá-lo
Diana, se apiedando do Sátiro,
se interpôs entre Apolo e Pã,
criando um enorme eclipse.
Muitos juravam ser o fim do mundo,
foi então que Pã diante de tal absurdo,
ergueu a cabeça,
Com as mãos eriçou os cabelos na fronte e sorriu,
pois não conseguia se conter
ao ver as pessoas assustadas
e lembrou de suas brincadeiras.
De súbito, o nobre Deus, salta,
sorri e corre para a floresta,
onde encontra uma bela ninfa
e sente o coração reaquecido.
Escondido nas moitas,
Pã a contempla, com um sorriso nos lábios
pronto pra se mostrar.

Alex Huche

sexta-feira, 8 de março de 2013

Nova Amiga


- Oi, Tudo bem?

- Tudo, mas acho que não nos conhecemos...

- Eu sou Isabela.

- Ah, eu sou Carla.

- Fiquei preocupada com você, depois que a vi ontem na hora do recreio.

- Eu não me senti bem, você acredita que quando dei por mim, eu já estava na sala de aula, não vi nem quando o recreio começou e nem quando ele terminou.

- Pois é... Mas e depois, você ficou bem?

- Não, me senti estranha o dia todo.

- Não quero te assustar, não sei o que você pensa sobre essas coisas, mas ontem, enquanto você estava estranha, eu vi um homem do teu lado e a energia dele não era muito boa, não... Pedi muito para que ele se afastasse e a deixasse em paz.

- Um homem? Não tinha ninguém comigo, você fala... tipo um fantasma?

- Mais ou menos. Carla, não gosto desses termos...

- Você está me assustando.

- Não precisa ficar assustada, essas coisas são normais. A todo momento temos vários irmãos que já partiram, vários mestres que têm a missão de nos orientar, de nos dar aqueles toques quando tudo parece não ter solução.

- Hum, mas agora estou sentindo a maior vergonha, todo mundo passa me olhando como se eu fosse maluca, depois do que aconteceu ontem...

- Ah, não liga pra isso, não. É porque eles não podem me ver.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"O Pulso Ainda Pulsa"




Frio... Essa é a descrição perfeita para o que eu sentia naquele momento, naquele domingo chuvoso, gélido e estranho, talvez o mais estranho de toda a minha vida. Também sentia medo. Muito medo. As ruas desertas e escuras daquela pequena e pacata cidade que outrora tanto quis conhecer, naquele momento me causavam pânico, angústia, sofrimento. Era um misto de indignação, ódio, tristeza e dor. A dor que assolava meu coração era tão intensa e profunda que eu estava a ponto de rasgar meu peito e arrancá-lo dali, a fim de que toda aquela angústia desaparecesse. As lembranças dos últimos dois anos e de todos os momentos felizes que neles vivi, me causavam náuseas e me faziam caminhar cada vez mais rápido por entre as ruas. A impressão que eu tinha é que quanto mais eu pensava e todas aquelas imagens desconexas surgiam na minha mente, mais a chuva caía. E com mais força. E então eu agilizava os passos e maior ficava a escuridão ao meu redor. Um enorme e lindo filme passava pela minha confusa cabeça: o dia em que nos conhecemos, na biblioteca da faculdade; as tantas segundas-feiras em que almoçávamos juntos; os cafés da tarde que tomávamos, enquanto debatíamos a respeito do livro em que estávamos lendo no momento; as festas; os restaurantes; as milhares de sessões de cinema madrugada à fora; os teatros; as pizzas de sexta-feira à noite, na minha casa ou na dele; os beijos; o sexo, tímido no início mas fabuloso e apaixonado no final; o pedido de casamento, ajoelhado no meio de uma rua deserta e escura, em um dia chuvoso após uma grande briga… Talvez por isso, inconscientemente, esse tenha sido o meu local de refúgio no momento de dor: as ruas desertas e escuras de um dia chuvoso, em uma desesperada tentativa de relembrar o passado tão feliz, e buscar respostas a todos os últimos estranhos e inesperados acontecimentos. 

Enquanto caminhava rápido, tentava em vão puxar o ar para meus fracos pulmões, e quanto mais o fazia, mais náuseas sentia e mais as minhas forças se esvaiam. De repente senti minhas pernas fraquejarem, minha vista escureceu e então eu caí. Abaixo de mim havia um solo duro, frio e molhado, e rapidamente meu corpo ficou encharcado. Enquanto desfalecia, ouvia o forte barulho da chuva que tocava o chão e, ao longe, escutava a imaginária música instrumental que era tema da festa de dois dias atrás. Ouvia a música cada vez mais distante e então o breu tomou conta de mim. Nada mais eu vi, nem ouvi e nem senti. Naquele momento fiquei reduzida à matéria, a um corpo molhado estendido no chão, sem alma, sem emoção. Só.

Sem ter noção do tempo que passou, lentamente minha respiração voltou e novamente sentia os músculos e ossos do meu corpo, agora rígido e dormente. Ouvi um som alto e familiar. Senti um incômodo nos olhos ainda fechados e essa sensação aumentava à medida em que o tal som se aproximava. Uma forte luz piscava na direção dos meus olhos e então percebi que um carro se aproximava. Apesar dos meus olhos não me obedecerem e continuarem fechados, notei que o carro parou. Uma porta se abriu, bateu com força suficiente para me fazer encolher e senti que alguém se aproximava. Senti medo. E tive curiosidade de saber o que estava acontecendo, mas não conseguia abrir os olhos, estavam pesados e todo o meu corpo doía. Percebi alguém do meu lado. Suas fortes mãos tocavam meu pulso e meu peito, talvez em uma tentativa de buscar minha frágil respiração e encontrar vida em mim. Não posso afirmar que ainda tenho uma vida depois de tudo o que passei no dia de hoje… Ouvi uma voz e senti umas leves sacudidas, mas não consegui identificar a voz e compreendê-la. De repente senti um forte solavanco e um frio intenso percorreu minha espinha. Tentava, com as forças que me restaram, abrir os olhos, mas foi mais uma tentativa frustrada. Procurei, então, relaxar, e confiar naquela pessoa estranha que me colocava no colo e me levava para algum lugar que eu desconhecia. O barulho da chuva continuava em meio ao silêncio sepulcral. Senti passos largos e ágeis, e logo eu estava em um lugar fechado, quente e silencioso, exceto por um som muito baixo mas reconhecível, de uma música clássica. As fortes mãos acariciavam as minhas, molhadas e geladas, e logo senti um pano por sobre meu corpo frio. Eu tremia de frio e de adrenalina. Notei que o aquecedor estava ligado, para a minha sorte, e aos poucos o gelo foi desaparecendo e meus músculos se soltando. Lentamente meus olhos foram se abrindo, ainda com um certo sacrifício, mas agora com um incentivo maior: descobrir quem era essa criatura que me tirava do frio e me livrava do perigo. Comecei a enxergar uma imagem borrada, como uma sombra, e logo notei que se tratava de um homem. Ele era grande, bem maior do que eu, e apesar da escuridão, me olhava atentamente e intensamente. Quando finalmente meus olhos se abriram, arregalei-os, em um misto de susto, vergonha e medo daquele ser desconhecido e amigável, que naquele fatídico dia, me estendia a mão. Ele levou o dedo indicador à boca e fez um singelo sinal me pedindo para relaxar, em um claro sinal de que não me faria mal. Olhei profundamente dentro dos seus olhos e notei preocupação, compaixão e curiosidade. Ele não era bonito, tinha traços grosseiros, mas era muito, muito charmoso. Por um breve momento, senti uma excitação, que foi embora no exato instante em que me lembrei do triste motivo que me levou até ali, naquela desconfortável situação. Não falamos nada. Ele nada perguntou. E eu nada respondi. Apenas acariciava as minhas mãos enquanto voltavam à temperatura normal. Aquele toque forte e macio me provocou calafrios e ficamos por alguns longos segundos nos olhando profundamente. Tentei balbuciar algumas poucas palavras, em vão, e antes mesmo que eu pudesse me arrepender, falei em um tom baixo e lento:

"-Eu… fui… abandonada pelo meu… marido… na lua-de-mel…"

Cada palavra que eu dizia feria forte o meu peito, provocando pontadas agudas e aumentando a angústia esquecida na hora do desmaio.

Ele me olhou com ternura e pena, apertou com força minhas mãos, e nesse momento senti uma lágrima escorrer no meu rosto. Então angustiado ele perguntou:

"-Sinto muito! O que eu posso fazer por você, para aliviar essa dor?" Ele me olhava como quem olhava para uma criança abandonada.

"-Apenas me abrace… por favor!"

Ele me olhou com surpresa, e ao mesmo tempo, com excitação, e antes que eu pudesse pensar no que havia dito, aquele homem grande, forte e desconhecido, me tomou nos seus braços e me apertou com força. Desabei em uma sequência cadenciada de choro e soluços que ensopavam sua camisa e o faziam me abraçar ainda mais forte. A excitação aumentava cada vez mais e então ele me beijou, desesperadamente. Eu já não pensava em mais nada, apenas nele e no seu beijo forte e delicioso. Ele me acariciava por sobre o tecido molhado das minhas roupas e tudo o que eu queria naquele momento, era ele. Ele tirou minhas roupas com urgência, no compasso da grave voz do tenor da música que tocava, embalando o nosso sexo, desconhecido, mas espetacular. Em uma explosão de sentimentos, sentidos e sensações, caí em seu colo, o abracei mais forte que pude, e adormeci, profundamente.

A luz do dia incomodava meus olhos. Não havia sol, mas havia muita luz. Ouvi uma voz me chamar. Senti meu corpo ainda doído, mas a tristeza um pouco menor. Então, quando abri os olhos naquela manhã iluminada e ainda fria, um senhor estava perto de mim, preocupado, e disse:

 "-A senhorita está bem? Aconteceu alguma coisa? Posso lhe ajudar?"

 "-Eu… desmaiei… ontem à noite. Mas é estranho… chovia muito e um homem passou de carro, parou e me ajudou, mas… adormeci e não me lembro de mais nada. Por que ele me colocaria aqui na rua, no chão novamente?" Pronunciei tais palavras com um aperto no peito, ao pensar que aquele homem grande, tão gentil, que me ajudou no momento em que precisei, e que me beijou e fez sexo comigo como ninguém havia feito antes, havia me abandonado, assim como… meu marido…
"-Minha senhora, deve haver algum engano, a senhorita deve ter batido com a cabeça ou algo desse tipo, por que não há possibilidade de ninguém ter passado por aqui de carro. Essa rua está fechada há dois meses por causa de uma obra, e é impossível entrar, pois as barreiras são de cimento. É… a senhora quer ir ao médico, ou quer que eu ligue para alguém?"
Olhei atentamente para meu braço direito, enquanto o senhor esperava uma resposta.
"-Não, senhor, muito obrigada! Já estou me sentindo melhor e vou caminhando até o hotel onde estou hospedada. Muito obrigada!"
O senhor, então, foi se afastando de mim, me olhando confuso, e eu, fiquei ali, deitada, parada, observando a pulseira que agora estava no meu pulso direito, mas que até ontem à noite não estava. Imediatamente me lembrei de tudo o que aconteceu entre eu e aquele homem grande e forte, e instantaneamente senti uma pontada na minha virilha. Foi quando me dei conta de que estava sem calcinha…

Não sei o que aconteceu realmente. Se foi um sonho, ou se foi real. O fato é que a pulseira estava ali, no meu braço direito, e que a calcinha não estava mais ali, nas minhas partes íntimas.

Depois de tudo o que passei naquele dia triste, doloroso, frio e chuvoso, a grande lição que aprendi foi: aconteça o que acontecer, sempre vai haver alguém querendo você e fazendo você de tudo esquecer, nem que seja por um alvorecer...

Bianca Roriz

A Cobrança



Hum, mensagem para mim. Quem será?

- Oi, aqui quem está falando é o Marido, estou no messenger dela. Quero lhe dizer que não gostei de saber que vocês conversam pela internete. Que História é essa? Como pode uma coisa dessas? Não sabia que vocês eram amigos. Isso não vai ficar assim. Você vai ver! Enviado via web 19h.

 Será que respondo? Que ridículo, o cara entrou no messenger da esposa, leu a correspondência dela, o que acima de tudo é falta de educação e ainda quer tirar satisfações, sobre correspondências de amigos. Ah, vou responder:

- Oi, Você é mesmo quem diz que é?  Não acredito. Caraca, tu deve ser muito inseguro na vida, invadir o mensageiro da mulher e tirar satisfações de algo que não faz o menor sentido para você, e muito menos que lhe diz respeito... Mas vamos lá, você é muito tolo ao achar que “sua” mulher não tem amigos, não conhece pessoas legais e que não tem uma vida mesmo que você não esteja vendo... ou é tão infantilmente egocêntrico que acha que ela só existe enquanto está do seu lado? Enviado via celular 19h10.

- Não quero saber, você não tem o direito de falar com ela. Enviado via web 19h15.

- Hum, então ela precisaria protocolar uma solicitação em 3 vias para ter o direito de conversar com outras pessoas, necessitando assim do seu aval para que um diálogo pudesse ocorrer. Enviado via celular. 19h16

- Você é muito engraçadinho. Já te falei, sou o marido dela. Enviado via web 19h18.

- Ah, me desculpe eu não tinha entendido que ela era sua propriedade, foi mal. Pensei que seres pensantes tivessem autonomia de pensamento. Enviado via celular 19h20.

- Eu só quero saber há quanto tempo vocês tem um caso, seus Filhos da Puta? Enviado via web 19h21.

- Ah tá! Agora eu entendi... eu não estava entendendo a dimensão do problema. Foi mal... Deixa eu te explicar. Eu não tenho um caso com a “sua” mulher. Antes de julgá-la, você deveria agradecer que uma pessoa tão maravilhosa quanto ela, permitisse que um cara como você fizesse parte da sua vida. Tem sorte de ela ter te escolhido como companheiro e a verdade tem que ser dita, quem escolhe o parceiro é a mulher. E ela te escolheu... ó que maravilha! Enviado via celular 19h24.

- Não entendi, onde quer chegar? Enviado via web 19h25.

- Vou ser mais claro... Não procure chifres em cabeça de burro, porque não tem. Até porquê, se tivesse... Você passaria a ser chamado de unicórnio... E apague essas mensagens antes que ela veja o que você fez, Burrão! Enviado via celular 19h27.

Alex Huche

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Vida de Amélia

Foto do site universonosdois.wordpress.com
Às vezes me pergunto o porquê que eu casei.
Chego em casa tarde, tudo revirado, roupas dos filhos pelo chão, na verdade, parece que todas as nossas roupas estão bagunçadas, são pratos sujos na pia, panelas amontoadas para serem lavadas. Eu te pergunto:
 -Para serem lavadas por quem?
Por mim, é claro... nossa, não acredito, é controle remoto pelo sofá, livros sobre a mesa de jantar, tudo uma zona só.
Onde será que está a vassoura?
Ah é claro, essa é a única que não sai do seu lugar, ai Meu Deus, não sei o porquê que eu saí da casa da minha mãe. Isso está me matando, fico cada vez mais frágil.
Já não tenho tempo para mim, é tudo eu.
Vou abrir uma cerveja para tomar coragem de começar mais uma segunda jornada de trabalho na minha vida, a Faxina.
Hum, só uma cerva gelada para animar.
Sabe, acho que vou tomar mais uma e depois outra e outra, aí sim começo a por tudo em ordem.
Comecei pela sala, arrumei a estante, depois a mesa, pus os controles nos seus lugares;
Essa já é a quarta e ultima cerveja, deixa eu ver... Ah essa nunca me falta, vem cá Vodka querida... Puta que pariu como podem ser tão bagunceiros?
Vou ajeitar o quarto, trocar os lençóis é pensando bem, eu vou tirar um cochilo, daqui a pouco termino tudo.
Pensando bem eu vou à rua, vou deixar um bilhete para quando chegarem:
“Queridos não aguento mais, é muita pressão em cima de mim, não tenho tempo para mais nada na minha vida, não tenho tempo para cuidar de mim, meus cabelos estão horríveis, minha pele desidratada, definitivamente, não aguento mais! Preciso reencontrar o prazer de ser o pai de vocês e seu Marido.”

Alex Huche

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Todo Dia - Parte I


Imagem do site: personaleasy.com  Rebolado de Agatha

- E aí, minha nega? Bom dia pra você! Já está amanhecendo e ninguém desceu, putz estou com fome.
- Calma, eles já vêm.
- Opa, ouviu?
- Ouvi. Eles estão vindo.
- Aposto que é o pai.
- Eu acho que é a mãe ou a Poli.
- Ó pelo som na escada é meu pai, hein.
- É ele... Mas você precisa rebolar esse rabo desse jeito?
- Ah é legal, tu gosta de ver, né? Só porque no seu caso é o rabo que te rebola, você vem me criticar... Opa, ó eu aqui, oba carinho na orelha, putz isso é bom.
- Sai pra lá... E eu? Aí isso, hum... chega, quero comer, vamos, vamos...
- Porra, não empurra.
- Ah, tu fica no caminho.
- O que foi que ele disse? Não ouvi.
- Ele disse: “blá blá blá quer papá?” Como respondemos que queremos? Não sei falar a língua deles, eles são muito esquisitos, conversam como se soubessemos o que dizem.
- Hum, eu quero...  É só pular, pula que ele entende. Pula caralho!
- Não consigo porra, minhas pernas doem! Ah, vou rebolar mais... tá dando certo ele está abrindo a porta, porra para de rir de mim.
- Isso abre a vasilha, adoro esse som da comida caindo na tijela.
- Porra esse puto faz a gente sentar antes de dar a comida. Que merda é essa, tortura?...
- Hum, que delícia.
- Argh, toda vez tem uma capsula branca na minha comida, que nojo.
- É remédio se não quiser deixa aí que eu como.
- Você come até pedra.
- Nem vou dizer o que você come.
- Agora vou lá fora dar uma esticada e fazer um cocozinho. Você vem?
- Claro, ficamos a noite toda sem fazer nada.
- Aiai, pra ser melhor, é só ele abrir essa piscina pra nós. Não é não?
- Nem ligo... Ai sai, porra que mania de ficar trepando em cima de mim. Vai caçar uma cadela!
- Mas só tem você aqui comigo... Logo, logo eles vão entrar naquele caixote preto e só vão voltar quando anoitecer... Eba, Mãe! Ó eu!
- Não, ó eu, ele é chato... Aí, pára de pular em mim. Ouviu o que ela disse?
- Ouvi, é sempre isso: “Bebê!.... Blá blá blá desce Hermes, deixa Ela!”

Alex Huche

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Lembranças do Velho Hermídio - Parte I


Imagem do blog: curitibanoroqueiro.blogspot.com


Pelo o que me lembro, era muito difícil a vida de um menino nos idos de 80.
Nossa, isso foi há tanto tempo atrás, quase 60 anos.
Ah o tempo, esse me deu e tomou tudo na minha vida...
Mas como eu dizia, ser menino nessa época era algo extremamente difícil, pelo menos para mim, jovem desprovido de atrativos de beleza e vivendo no subúrbio do Rio de Janeiro, onde reinava a hipocrisia, onde carolas frequentavam de centros de “macumba”; Virgens que preferiam manter sua castidade praticando sexo anal; E os laços familiares, esses já se mostravam frágeis naquela época.
Sei que vão dizer: “E a vida das meninas não era difícil, não?”
Ser menina era mais fácil naquele tempo do que é hoje. As meninas eram muito mais passivas, esperavam a “ideia” dos rapazes, durante as músicas lentas, apesar de terem que aturar os meninos suados, pois o momento tão esperado por todos, a hora do “mela cueca” só vinha depois de muito rock’n roll, sem falar no cheiro de Rexona, no meu caso era a Colônia de Alfazema mesmo, era da minha avó... ê vida difícil. Nunca entendi o porquê que nas festinhas não tinham só o “mela cueca”.
Lembro-me que ao seguir para as “festinhas americanas” eu seguia como um grande guerreiro segue para uma batalha, confiante e traçando mentalmente todo o gestual e argumentos a convencer a presa a se entregar sem muita exitação... Mentalmente tive conversas fantásticas com as meninas onde havia toda uma trama imbricada de perguntas e respostas era floreada ao som de Barry White, Bee Gees, Lionel Richie e tantos outros cúmplices passivos das minhas aventuras de conquistas. O plano estava traçado e não tinha como dar errado, a não ser pela mão suada, a voz trêmula, um “Alien” a revirar meu estômago e a porra da menina que nunca respondia ou dizia o que estava previsto em meu roteiro mental... Como era possível que elas estragassem todo o tempo desperdiçado naquele jogo de damas, cujo objetivo era óbvio, conquistar seus corações, ou o maior número de nãos possíveis em uma noite, o que viesse primeiro. Como era difícil ser menino na década de 80, entre os meus amigos, eu era escarnecido por nunca ter conquistado uma garota durante as músicas lentas. Minhas experiências sexuais, naquela época insana, vieram dissociadas do amor, da paixão... Aiai... Minhas experiências sexuais vieram antes de eu experimentar os doces lábios de uma mulher, pelo menos nos meus... Aprendi desde cedo, sexo e amor são duas coisas diferentes. Ainda bem que o tempo passa, tudo passa... Que pena que o tempo passa, mas tudo passa.

Alex Huche

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Paradigmas


- Vovô, Por que o papai é assim?
- Assim como?
- Ah, é intransigente, ele não me aceita, não quer entender que eu sou diferente dos demais...
- Você sabe que as coisas são assim, você não é mais criança, sabe que hoje em dia é difícil de se aceitar esse tipo de amor, tem muito preconceito.
- Mas importa tanto assim o sexo da pessoa com quem eu me relaciono? Não tenho que olhar o caráter, o amor, a paixão e o principal.... o tesão que sinto? É tão importante assim o sexo do meu amor?
- Isso vem de muito tempo, há uma carga de preconceito muito grande...
- Mas o senhor não tem preconceito.
- Veja bem, quando eu nasci, eu tinha um pai e uma mãe carinhosos, que me deram atenção, eu aprendi com eles, que o importante era que fossemos felizes da melhor maneira que pudéssemos. Só isso deveria bastar... Meus pais eram muito felizes, até que... Até que minha mãe faleceu daquela maldita doença, muita gente sexualmente ativa morreu naquela época, isso nos impôs uma nova maneira de ver a vida tivemos que repensar nossas atitudes e só como vivemos hoje, pudemos contornar esta fatídica doença.
- Mas vovô, há anos essa doença está erradicada, ninguém mais ficou doente.
- Eu sei, mas essas mudanças nos trouxeram essa restrição quanto as formas de amar e a quem amar, hoje, somos assim. Não se admite nada diferente do que já foi estabelecido. Antigamente, havia muito mais liberdade, havia paradas nas ruas para combater toda forma de preconceitos, as pessoas já estavam aceitando muito melhor as características uma das outras.
- Mas isso é uma estupidez.
- Eu também acho, mas as coisas são como são. Seus pais querem o melhor pra você.
- Mas o melhor para mim é estar com quem eu amo.
- Eu entendo, mas sou de outra época, seus pais, não... Logo, logo, você vai encontrar a pessoa certa para você, uma pessoa que esteja dentro dos padrões. Por que você quer impor esse amor com tanta rebeldia? Assim você só magoa o seu pai...
- O senhor acredita que ele teve a coragem de dizer na minha cara que preferia que eu fosse para igreja? Logo ele, Ateu convicto, e veio me dizer que preferia que eu fosse para uma igreja... 
- É,  eu sei que é muito difícil, eu entendo que você está passando por muita pressão, mas é tão difícil renegar esse desejo?
- Pra mim é... para mim é impossível fingir que não sinto o que eu sinto, por mais estranho e bizarro, isso possa parecer.
- Quando seus pais lhe adotaram, eles lhe deram uma educação exemplar, não deixaram que nada lhe faltasse, eles queriam que você tivesse uma vida feliz, livre de qualquer sofrimento... Na verdade é só isso que eles temem, o seu sofrimento.
- Ninguém está livre de sofrer, faz parte da vida... Vovô, eu amo o Claudio.
- Mas você sabe que as pessoas vão falar, você sabe o mundo não perdoa...
- E por isso tenho que me negar?
- Tá bom Rita eu converso com seus pais, não sei se Rodolfo e Rogério vão aceitar seu amor, afinal, você é a filhinha querida deles e é quase impossível ser heterossexual nos dias de hoje, mas vou lhe ajudar.

Alex Huche

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Fura Olho

Imagem do blog neuzin.blogspot.com

Tudo era perfeito,ele era um cara muito especial, a admirava, a cobiçava e era sempre muito bem humorado.
Renata o conheceu por intermédio de Claudia, uma amiga de infância e que encontrava sempre quando ia passar uma temporada na casa da sua avó.
Marcos se empenhou de todas as formas para conquistar seu coração, até que por fim conseguiu o que tanto esperava... Renata se apaixonou... Ela se apaixonou tão profundamente que nada iria impedi-la de viver esse amor. E se entregou como nunca se entregara antes.
Mas nada é tão perfeito nessa vida.

- Renata, estou completamente apaixonado por você...
- Eu também, toda vez que nos falamos, fico ansiosa para podermos nos encontrar...
- Pois é, mas tem uma coisa que preciso te dizer...
- É? Mas me beija enquanto você me fala...
- Calma aí, é sério...
- Tá diz.
- Eu sou Noivo.
- Mas... Por que você nunca me disse nada?
- Porque eu não esperava me envolver tanto.
- Muito tempo que vocês estão juntos?
- Há uns dois anos, Ana e eu somos muito diferentes.
- Você a ama?
- Não sei, mas também não quero ficar sem você.
- Nada mais me importa, quero é curtir você... Me beija...

Despediram-se  e Renata  partiu para a casa da sua amiga Claudia, pois precisava desabafar.
Ao chegar na casa da amiga, a encontrou sentada na varanda e revelou-lhe o segredo que guardava há um tempo:

- Claudia, estou saindo com o Marcos, nossa ele é maravilhoso, tão divertido, carinhoso... Foi a melhor coisa que aconteceu foi você ter nos apresentado...
- Mas Renata, você sabe que ele tem namorada?
- Ah, eu sei, ele falou de uma tal de Ana... Quer saber, não estou nem aí, vou é curtir.
- Fala baixo! Como você pode fazer isso, sabendo que ele já tem outra pessoa?
- Ih, o que há com você?... Ficou careta agora?
- Não, isso é diferente...
- Ah tá bom! Já vi que foi um erro vir aqui falar com você, não vim para ser criticada.
- Renata!... Tá vai... Tchau,  sua mal educada!

Vivia um romance quase perfeito, a não ser pela eterna suspeita de que Marcos pudesse estar fazendo a mesma coisa com ela. Tantas discussões bobas por ciúmes. Até que um dia conheceu pela sua rede social uma jovem, muito linda, de uma sensualidade ímpar, daquelas que parece não ter problemas de autoestima e nem de carência emocional por causa de homens. Seu nome era Mara.
Mara, por diversas vezes se mostrou lhe descrevia suas aventuras amorosas com rapazes e com outras moças, e isso atraía bastante as atenções de Renata, a ponto de não se reconhecer diante desses fatos.
Renata se via cada vez mais interessada nas história de Mara e fez dela sua confidente.
Certa vez, brigara com Marcos e buscou a amiga na internet, que no fim do dia foi até a sua casa para lhe consolar.

- Renata, você não pode deixar que seus problemas com o seu namorado lhe abale...
- Ah mais é difícil pra mim... Pra você pode ser fácil, toda linda, coxão, peitão, inteligente, sensual... é pra você é diferente.
- Você acha?
- Acho, se eu fosse homem eu iria querer pegar você...
- Mas quem disse que precisa ser homem para sair comigo.
 - Ah sei lá...
- Vem cá...
- Não, tá doida... Para... não...
- Só um beijo... Que tal, gostou?... Hum pelo visto gostou muito, vem cá, vem...

Renata, não resistira as investidas da amiga e tiveram uma noite maravilhosa, como há muito tempo não tivera com seu namorado.
Um tempo depois:

- Mara, não paro de pensar em você, estou apaixonada...
- É, mas e seu namorado?
- Terminamos, eu lhe contei tudo, ele nunca mais vai me perdoar. Mas, o que eu quero é ficar com você.
- Comigo, não.
- Por quê?
- Eu não vou namorar a ex namorada do meu ex namorado.
- Como é? A noiva dele era Ana.
- Meu nome é Ana Mara... Quando você foi contar à Claudia que estava saindo com Marcos, eu estava no quarto conversando com a mãe da Claudinha e ouvi tudo o que vocês falaram... Como você acha que o Marcos conheceu a Claudia? Ela é minha amiga há muito tempo...
- Mas e eu?...
- Você, é só uma doce vingança.

Alex Huche